Antes de tudo, é muito importante percebermos que existem vários medos e diferentes intensidades de sentir medo. O medo de falhar, falar em público, sentir-se mal, perder alguém amado, andar de avião, sair de casa e até o medo do medo pode ir de uma ansiedade generalizada até ao pânico.
O medo passa a ser patológico quando influencia de forma negativa o nosso dia, impedindo-nos de viver em harmonia com tudo e todos. Aí é necessário que cada um tenha autorresponsabilidade e sensatez para entender quando deve procurar ajuda!
Fale com quem se sente confortável e à vontade – um amigo, familiar, profissional da área, o que fizer mais sentido para si – mas partilhe o que sente. A dimensão dos seus sentimentos vai tomar proporções bem mais pequenas quando os partilhar. Acredite, nunca estamos sozinhos!
De que forma o medo conduz a estados de ansiedade?
O medo é um instinto básico de sobrevivência. Quando sentimos medo ou estamos sob stress excessivo, ativamos o sistema nervoso simpático, que é responsável pelas alterações no organismo em situações de emergência. Deixa o individuo em estado de alerta, preparado para reações de luta e fuga.
Alteração da frequência cardíaca, suores, pupilas dilatadas, aumento da tensão arterial e alterações no sistema digestivo são apenas algumas das mudanças que acontecem no nosso corpo para nos preparar para atuar em situação de perigo. O que acontece é que não estamos preparados para viver em estado de alerta o tempo todo, pois o corpo não aguenta.
Como o medo ativa o mecanismo fuga/luta, alguém que vive em estado de vigília, em alerta constante, está a fugir de alguma coisa ou situação. Há algo que não quer enfrentar e é muito importante fazermos uma autoanálise para perceber do que fugimos e ir à raiz da situação.
Todo o pensamento gera emoções que, consequentemente, originam sensações físicas. Logo, sempre que se sentir ansioso, com medo, pergunte-se: “Quais os pensamentos que eu venho alimentando?”.
Lembre-se de que somos poderosos! Assim como temos a capacidade de ficar “doentes”, temos também o poder de autocura. Então, para reduzir a ansiedade, é preciso alterar o padrão de pensamentos e mudar a nossa realidade. Uma vez que os padrões demoram anos a ser “tatuados” na mente, não saem de repente. É necessário querer mudar, fazer o trabalho de casa e apostar na repetição.
5 Conselhos para reduzir a ansiedade
1. Aprenda a fazer uma respiração consciente
Existem duas formas de inserir ar nos pulmões: empurrando a barriga para dentro e o peito para fora, que é a respiração torácica, ou por meio do diafragma, que é a respiração abdominal.
A respiração torácica ocorre quando estamos a fazer um exercício muito intenso ou quando estamos sob tensão. Como inspiramos e expiramos muitas vezes e rápido, o oxigénio não tem tempo de se renovar eficazmente e fica saturado, causando tensão muscular e até tonturas.
Pelo contrário, a respiração abdominal leva-nos a um estado total de relaxamento físico e, consequentemente, mental. A maneira eficaz de respirar é muito simples, só requer treino. Com a prática, tornar-se-á quase automático respirar corretamente.
Para fazê-lo, coloque uma mão no abdómen, um pouco acima do umbigo, e a outra no peito. Inspire devagar pelo nariz, faça a barriga encher tipo balão e expire pela boca, no mesmo ritmo que inspirara, suavemente. A mão que está no peito pouco se mexe, pois a ideia é apenas o abdómen trabalhar.
2. Descubra o poder da meditação mindfulness
Qualquer meditação é boa, mas falo particularmente desta, pois traz atenção ao corpo e ao momento presente, o que contribui para uma redução da ansiedade.
Como as emoções se reproduzem no corpo, se estivermos conscientes delas, conseguiremos melhor entender o que é real e o que são sensações desproporcionais à realidade. Ou seja, poderemos perceber que a maioria das sensações físicas é fruto de pensamentos desproporcionais e de realidades que apenas existem na nossa cabeça.
3. Crie objetivos de vida e defina metas
Para alterar padrões de ansiedade, é importante planear tarefas que nos dão prazer e fazem crescer emocionalmente. Coloque as ideias no papel, de preferência com imagens, e estabeleça prazos, sempre!
4. Observe fora do corpo
Imagine-se fora do seu corpo e observe-se. Analise tanto o que está a acontecer fisicamente como emocionalmente, mas sem julgar, com compaixão e empatia. Faça observações e questione-se sobre o que está a acontecer com o “eu” que está com medo.
5. Não tente controlar tudo
No meu entender, esta é a ferramenta mais importante. Tenha noção de que muito pouca coisa está no seu controlo, então relaxe. Pessoas que sofrem de ansiedade são pessoas controladoras em relação a tudo, e isso é desgastante e pouco saudável.
A vida é uma surpresa constante e ainda bem que assim é. Aceite-o e viverá com muito mais paz e harmonia. Permita-se ser parte do todo!